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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Apresentação do livro Pitada Indiscreta

O meu blog atingiu as 90.000 visualizações.

Grata a todos.

Partilho convosco a minha palestra e algumas fotos do lançamento do meu livro " Pitada Indiscreta" a 26 de Setembro 2020.

Em estado de pandemia devido ao vírus Covid19 o distanciamento físico entre os humanos é a única prevenção.Um vírus que nos colocou a vacilar!o estilo de vida,os nossos hábitos, tudo mudou.No momento difícil que atravessamos, limitar as nossas preocupações e inquietações, ocupando com prazer alguns momentos do nosso dia, foi o que me levou a escrever o livro e fazer o seu lançamento neste ano de 2020.Foi um momento mágico! 

“Ensina-nos então a numerar os dias, em que

utilizarmos sabiamente o nosso coração.”

                                                    Salmo 90:12



















Boa tarde a todos
Já quase tudo foi dito…

Por isso, começo por agradecer a vossa presença nesta cerimónia singela  mas carregada de simbolismo para mim… A apresentação e lançamento do meu primeiro livro - Pitada Indiscreta.

Permitam-me que aqui as refira:

-  Fundação da Lapa do lobo

- Câmara Municipal de Carregal do sal

-  Junta de Freguesia de Oliveira do Conde

- Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal

-  Fundação Comendador José Nunes Martins

-  Centro Social Professora Elisa de Barros Silva

-  Representantes da Autoridade Tributaria de Carregal do Sal

-  Confraria de Carregal do Sal.

Uma palavra muito especial de agradecimento também à minha família, á minha prima Glória Pires, uma pessoa com um coração de ouro, a mensagem/video que me enviou assim a identifica, aos amigos e ao meu velho amigo Carlos Amaral que nos está a brindar com o belíssimo som de piano.

-Um agradecimento jubilar ao meu querido amigo Fernando Melo, autor do PREFÁCIO, que me habituou a uma escrita sábia…. já há alguns anos. Entendi que era a pessoa indicada para lavrar o prefácio deste meu livro, pelo seu saber, o seu gosto pela comida tradicional, e também por ser um conceituado crítico de vinhos e  gastronomia nacional e internacional.

Li as palavras que nele escreveu. Sinto-me lisonjeada com o elogio sentido escrito! fez-me chorar… por isso, não o vou ler agora, pois não quero correr novamente esse risco!

Hoje é, sem dúvida, um dia marcante para mim, pois lançar um livro não é uma tarefa fácil, ainda mais no atual momento que atravessamos decorrente da pandemia que está a afetar o mundo…

O meu livro Pitada Indiscreta…o meu Orgulho.

A ideia de o escrever vislumbrou na minha mente desde que criei o meu blog em Setembro de  2012, com esse mesmo nome…Pitada Indiscreta, á precisamente 8 anos.

Desde então em família, com os filhos e marido, falávamos muito em escrever um livro de receitas… aliás o meu marido disse-me algumas vezes: porque não fazes um livro com as receitas e as tuas pitadas tão famosas?...não digo um calhamaço, mas as mais interessantes e as cores para criar apetite logo a folheá-lo! aproveito para agradecer ao Jorge a paciência que teve, para me acompanhar neste projecto e as dicas que me deu, não esperava outra coisa, juntos há 42 anos, uma longa vida... então segui esta sugestão do marido e foi o que fiz.

No entanto quando participei no concurso da RTP Duelos de  Natal no ano passado e ganhei o prémio com a minha aletria,  ganhei mais alento e convictamente assumi, para mim mesma, que estava na hora.

Contactei a Fundação Lapa do Lobo, expus o meu desejo e a 20 Dezembro 2019 tive a primeira reunião com a coordenadora geral, Sónia Simão.

O repto e o desafio foram aceites pela administração que acedeu prontamente ao meu pedido de apoio logístico.

Começava aí o início de um desafio sem precedentes.

Foi me apresentado o Prof. Dr. Rui Fonte, a pessoa responsável pela biblioteca, que, desde então, me acompanhou na parte logística do livro e na revisão de texto.

Estou-lhe imensamente grata pela prontidão, dedicação e empenho que devotou a este projeto!

Escrever no blog é como escrever um diário… mas um livro exige uma escrita diferente e muitas horas de dedicação… É um trabalho muito delicado que vai surgindo página a página e que faz a diferença pelo que encerra em termos de conteúdo, de apresentação, de organização.

Não é um trabalho simples…trabalhei muito, muitos serões… e depois mais tarde com a designer Rafaela, dias e dias, não sei quantas horas! Exige pormenor.

Mas quem me conhece sabe bem que sou assim – valorizo os pormenores, gosto das diferenças!

Quanto ao nome - Pitada Indiscreta – surgiu naturalmente porque sempre gostei de surpreender na minha cozinha, com um ingrediente diferente… de reinventar, de maravilhar com quem vai degustar…

É certo que as receitas são tradicionais, mas inovar é preciso e o desafio é diferenciar com a minha pitada indiscreta.

E o percurso deste meu livro foi sendo construído…

O Rui imprimiu o blog e disse-me : agora escolha as melhores receitas, como disse o seu marido…

De imediato pensei …para mim são todas boas ; não vai ser tarefa fácil!

E disse-me mais:  pense na ordem delas…por abecedário, por doces de colher, por bolos de fatia, por compotas por tartes, por pudins, por salgados…

E mais uma etapa da obra que hoje levo à estampa era ultrapassada…

O índice, o meu índice…considero sui generis. Estava definido. Entendi organizar o meu livro Pitada Indiscreta por estações do ano. Afinal, penso que é justo dizer que a nossa alimentação muda de estação para estação, porque tem a ver com a mãe  terra, a natureza, tudo que ela nos permite colher em cada estação e nos ensina.

Efetivamente. O meu ritual de escrita no blog é dia a dia. E passo a explicar-vos: é da minha quinta que colho os frutos, os produtos hortícolas, as ervas aromáticas, a criação, os ovos... Depois, ponho mãos à obra: confecionar, fotografar, degustar e publicar…

Com o desafio deste meu primeiro livro, as minha tarefas sofreram algumas alterações… E comecei a perceber, de forma mais vincada, que mesmo sem nos apercebermos, acaba por existir uma ligação entre as estações do ano e as nossas vidas! Citando uma passagem bíblica dos

( GÊNESIS )8.22* “Enquanto subsistir a terra,

haverá sempre a sementeira  e a colheita,

o frio e o calor, o verão e o inverno,

 o dia e a noite jamais cessarão."

                                                                  

Tudo tem o seu tempo. Primavera, Verão, Outono, Inverno!

Todas as receitas teem uma breve história das minhas lembranças e tradições.

Sempre gostei de acompanhar a minha mãe, as avós, as tias nos afazeres da cozinha…era o espaço com mais partilha lá de casa…

Parecia uma sala de aulas sem livros… todas davam palpites e tinham o peso nas mãos, tudo a olho! As memórias que guardo dos sabores e dos aromas é eterna.

Eram momentos mágicos…os quais hoje partilho com os filhos e com os meus netos.

Fui escrevendo no meu caderno de receitas, onde ainda hoje escrevo…

O meu livro Pitada Indiscreta revela um pouco destas vivências, receitas tradicionais… uma autobiografia da minha cozinha, é a minha santidade de saberes e sabores, uma mão cheia de boas memórias…

…o pão de ló da avó Arminda, o bolo de laranja da minha sogra, biscoitos de azeite a ferver da tia Amélia, a torta de laranja da cunhada Sãozinha, o lemon curd da D. Maria do Céu, os sonhos de natal da tia cina, o arroz doce, o leite creme e as rabanadas da minha mãe, o bolo mulato da Avó Maria, os crepes suzete que o meu marido tão bem sabe fazer, o pudim de café da amiga Tininha, as papas de farinha de milho da bisavó Gracinda…e muitas mais.

E, imaginem, só! Porque os nossos amigos patudos cá de casa, também fazem parte da família, decidimos dedicar-lhes um espacinho – o Especial patudos. Por sugestão da minha neta Clarinha fizemos uma receita de biscoitos para eles, uns lambareiros, e por eles foi aprovadíssima -  tivemos de repetir! também teem a pitada indiscreta.

A verdade é que, no meu livro Pitada Indiscreta, partilho convosco todas as receitas , “sem véus nem disfarces”, como escreveu o meu bom amigo Fernando Melo. É um livro cheio de cores e emoções fortes, escrito e fotografado por mim, todo ele sem filtros.

Por isso, permitam-me assumi-lo aqui publicamente: desejo que o meu livro não seja um objeto nas vossas mãos, mas sim um encontro entre 2 pessoas.

E deixo-vos um conselho: uma receita apressada não combina com sabedoria como tal, é importante prepará-la bem.

Quase a terminar, dizer-vos que, desde a primeira hora, entendi que este seria também um livro solidário.

Porque acredito que a solidariedade deve regrar as nossas vidas e assume, cada vez mais importância no mundo em que vivemos, uma pequena quantia por livro reverte a favor, de duas Instituições Particulares de Solidariedade Social do meu Concelho, - a Fundação Comendador José Nunes Martins e o Centro Social Professora Elisa de Barros Silva - às quais estou muito ligada familiarmente.

- Sobre a primeira – a Fundação Comendador José Nunes Martins, foi fundada em 1958 e tem como objetivo contribuir para a promoção da saúde e da Solidariedade Social.

Está nas minhas memórias de sempre.

O empreiteiro que fez a obra foi o meu avô paterno e o meu pai trabalhou na construção daquele edifício…contava histórias da sua adolescência pois começou a trabalhar a pedra com 13 anos e carregava-a em carros de bois. Lembro-me de o meu pai contar que pousou descalço para o pintor Jorge Pinheiro, fazer os pés do frade, das pinturas gigantes que existem na Capelinha Nossa Senhora das Vitórias, da Fundação.

A sua ligação àquela casa foi de sempre e para sempre e chegou a ser o Presidente da Fundação, enquanto Presidente da Camara Municipal de Carregal do Sal. Uma honra, sem dúvida.

Em relação à segunda - o Centro Social Prof Elisa de Barros Silva - é também uma das diversas IPSS do concelho de Carregal do Sal.  Uma residencial com valores e princípios consubstanciados no tratamento dos nossos idosos, sobejamente conhecida e por isso também muito procurada. É, aliás, atualmente, a residência da minha mãe.

Por estes motivos, escolhi estas duas Instituições como beneficiárias deste meu projeto.

Queria apenas confessar-vos que gostaria de  ter aqui uma pessoa muito especial, que me ensinou tudo o que sei de culinária – a minha mãe.

Infelizmente, devido à situação pandémica que atravessamos e às orientações das autoridades competentes, ela não pode estar presente… Ainda assim, não posso deixar de lhe agradecer todos os ensinamentos, vivências e experiências que me motivaram e levaram a desenvolver um gosto especial pela culinária. Obrigada Mãe pela tua sabedoria, a ti dedico este momento.

E termino a minha intervenção com uma sensação de felicidade e de dever cumprido, um profundo agradecimento a todos vós por partilharem comigo o momento do lançamento e apresentação do meu livro Pitada Indiscreta, foi escrito com estas canetas, um presente do meu pai quando fiz 21 anos, para ele maior idade, embora já fosse mãe…

A ultima página é sua.

Por fim, desejo que este meu livro seja do vosso agrado, vos desperte a curiosidade e vos desafie a desfrutar da magia da nossa cozinha tradicional.

Bem-haja a todos!                                   

Fiais da Telha, 26 de Setembro 2020

Isabel dos Santos


 

   Bella |pseudónimo|

   Tlm 960 374 771